terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Família na Contemporaneidade

Juliane Callegaro Borsa
A família, assim como outros espaços constituintes do desenvolvimento humano, vem sendo compreendida enquanto alicerce no processo de constituição do indivíduo. É em torno da família que a vida, inicialmente, se estrutura, sendo o primeiro espaço de relações sociais o qual o indivíduo tem contato. A família é o lugar onde a história do indivíduo começa a ser escrita.
Apesar da importância que vem sendo atribuída à família, atualmente, as discussões se situam em torno das significativas mudanças que vêm ocorrendo nas configurações familiares contemporâneas. Estas mudanças propõem à sociedade um novo olhar sobre estes grupos, que pouco se assemelham àqueles descritos nas páginas da história e nos sermões tradicionais da igreja, onde qualquer família que fugisse ao modelo tradicional era considerada como ‘desviada’ ou ‘anormal’. Contudo, mesmo em meio a tantas mudanças, a família continua sendo base indispensável ao desenvolvimento psíquico.
A família, ao longo do tempo, vem vivendo um processo de mutação, ao encontro das mudanças sociais que implicam diretamente nestas e em todas as relações entre indivíduos. As famílias contemporâneas avançam para além dos formatos pré-concebidos, incluindo outras dinâmicas e configurações. Atualmente é possível observar diversos tipos de famílias, que fogem ao modelo tradicional constituído por pai, mãe e filhos biológicos. As famílias tantas vezes mostradas nas propagandas de margarina são cada vez mais raras. Hoje podemos encontrar, sem dificuldade, diversas configurações familiares: mães ou pais divorciados que criam seus filhos sozinhos, crianças cuidadas e educadas por avós; babás, professoras e vizinhos que assumem o papel de cuidadores; pais que trabalham fora e deixam seus filhos aos cuidados de creches e escolas; crianças que são criadas com duas mães ou com dois pais, crianças órfãs ou adotadas, etc.
Da mesma forma, um outro aspecto que vem sofrendo mudanças nas famílias contemporâneas é quanto ao papel dos homens e mulheres. Nos dias atuais, ambos saem às ruas na luta por um espaço no mercado de trabalho, modificando a ótica e a ética das relações entre homens e mulheres, e entre pais e filhos. A necessidade de ambos os pais estarem trabalhando para poder sustentar a família representa menos tempo de convívio com os filhos. As crianças permanecem em casa, sob cuidados de outras pessoas ou passando grande parte do tempo diante da televisão. Esse fenômeno implica, diretamente, na relação de pais e filhos, refletindo no comportamento e desenvolvimento infantil.
Em síntese, é possível notar que mudanças no contexto familiar não são raras em nossa sociedade atual, tornando-se relevante reconsiderar as bases sobre as quais se constroem as relações familiares e, sobretudo, o modo como estas relações são vistas pela sociedade, a fim de evitar um desamparo no que diz respeito à capacidade de olhar e assistir às reais necessidades das famílias dos novos tempos.

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